16 de fevereiro de 2009

Polítólogos de esplanada

Foto: Daqui

Hugo Chavez viu aprovada, em referendo, com 54% dos votos a sua proposta de perpetuação no poder da Venezuela, após ser validada uma lei que não estipula limites nos mandatos políticos. Há quem diga que se trata de um pequeno passo para a instituição de uma ditadura, o que aliás já é considerado por muitos como uma característica do exercício do poder de Chavez. O que penso sobre isto é simples: a fiscalização pela ordem internacional deve funcionar e estar atenta às evoluções desta situação; deve-se respeitar o valor constitucional da Venezuela e agir em conformidade se o desvio se confirmar.

Há quem, implicitamente, sugira a associação da imagem de Chavez a Sócrates, por via de um entendimento institucional que o governo português fomenta com a Venezuela, como a Espanha e a França, tal qual o Brasil e a Inglaterra, o fazem com aquele país sul americano. Já uma vez aqui o referi: os estados não têm inimigos, têm interesses, e os interesses comerciais de Portugal são tão válidos e importantes com a Venezuela como o são com outro país: como Cuba, no exemplo das relações intergovernamentais!

E Sócrates respeita esse compromisso com sentido de estado, que representa, para além das trocas comerciais, o valor patriótico de centenas de milhar de portugueses residentes nesse país. Fá-lo porque a ordem comercial internacional assim o permite. Seria criticável e condenável se Portugal mantivesse relações comerciais com a Venezuela ignorando um embargo internacional. Mas se assim não é, e a verdade é que não existe tal embargo, porque há-de o nosso governo aniquilar uma relação comercial importante? Para deixar esses encargos a outros estados mais evoluídos e menos mesquinhos? Parece-me óbvio que existe por aqui uma má conduta de opinião, de querer fazer de Sócrates um bocado de tudo e mais alguma coisa. E isso é imerecido. É injusto porque se existe área de governação onde este governo tem agido com correcção e total respeito pelos superiores interesses do país é a área externa: aumentamos a exportação e diminuímos a importação, internacionalizamos empresas e negócios, valorizamos produtos e acentuamos a nossa importância nos novos modelos de governação. E nesta balança vale também o peso da relação comercial com a Venezuela.

Sendo criticável o caminho que Hugo Chavez está a traçar rumo a um país autocrático, para não adiantar já ditatorial, não é honesto nem criticar Sócrates nesta matéria, nem passar a imagem de um governante condescendente com uma situação antidemocrática.



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