18 de maio de 2009

A decisão de Alegre

A decisão de Manuel Alegre não me espanta. Aliás partilho da opinião que atribui à sua decisão um atraso de 3 anos e que explica, sucintamente, que Alegre há muito que não era deputado do PS. Também já aqui o escrevi e mantenho-o.

A decisão de Manuel Alegre é, de facto, uma não notícia, apenas alguns, com exagerada vontade de gerar instabilidade e de fazer ouvir as suas opiniões poderiam defender que Alegre promoveria uma cisão no PS. Não o faz por saber que essa não é a sua vocação e que tal poderia culminar num esvaziamento de capital político que ainda considera ter. Na verdade a grande maioria dos eleitores que apoiaram Alegre fizeram-no num determinado contexto que agora não se repete, e que nem está em causa, mas que não confundem o seu voto numa realidade diferente.

Na minha opinião nem é bom nem mau que Manuel Alegre tenha decidido manter-se no PS e não ser candidato nas próximas legislativas. Mas julgo, ou antevejo, uma participação significativa dos seus indefectíveis como uma segurança do apoio e da força de pressão que o mesmo quer manter. E isso, a acontecer, vai para além de um discurso moralista e patriótico. Muito além, infelizmente…

10 de maio de 2009

É a Europa!...

Em menos de um mês realizam-se as eleições europeias (7 de Junho), e parece-me cada vez mais importante – para os partidos concorrentes – falar de tudo menos da Europa, das organizações internacionais e dos novos modelos de governação que urgem implementar no sistema político europeu.

Não se fala da constituição europeia, como se fosse um pecado, não se aborda a questão da imigração ilegal, como se fosse tema tabu, não se perspectivam estratégias de investimento e de modernidade, como se fosse uma utopia.

O que é importante falar – para os partidos concorrentes – é de uma absurda hipótese de bloco central, ou das políticas nacionais, ou dos ataques ao governo, ou até do mais fútil assunto que normalmente gera o entusiasmo dos políticos em Portugal. Não tenhamos dúvidas de que temos o que merecemos e isso espelha-se numa acção provinciana e infantil que nos caracteriza, que nos deixa ficar para trás quando os outros nos ultrapassam.
Será que uns destes dias nos questionaremos sobre a razão de ser de uma Europa que cresce sem o nosso interesse? É provável que sim, mas então será tarde e já outros estados terão gasto as oportunidades de uma intervenção política forte e mais eficiente.

5 de maio de 2009

Bloco de Conveniências I


A possibilidade de se formar um bloco central a partir das próximas eleições legislativas é uma falácia, maldosa e enganadora, que pretende distrair o povo das verdadeiras circunstâncias em que se realizarão as eleições nacionais. Esta possibilidade é aventada a partir de um grupo de comentadores, ou jornalistas opinadores, e uns quantos politólogos que fazem o favor de baralhar as opiniões dos portugueses como se baralham cartas.

A ideia de um bloco central, discutido agora, subverte a realidade de um país onde o governo maioritário pretende renovar a maioria e onde o maior partido da oposição é inócuo e incapaz de gerar confiança política consistente que mereça a preferência dos eleitores. Portanto, trabalhar sobre este cenário só pode ser uma brincadeira, ou então um acto de desespero na tentativa de erguer o peso de Manuela Ferreira Leite como putativa alternativa de governo.

Seja como for é desonesto. E é também uma provocação á inteligência das pessoas, o que aliás se repete com frequência no espaço e no tempo que estas pessoas usam em jornais, rádios e televisões ao serviço de soluções que por si só anulam a sua credibilidade. Por convenientes blocos de interesses.

Quer se queira quer não se queira as próximas eleições legislativas serão exaustivamente centradas no pedido de uma nova maioria absoluta do PS. E esta legitimidade é tanta como a de defender a sua acção governativa. Quanto ao PSD, já aqui o referi tantas vezes, deve construir o seu caminho e apresentar-se com a confiança de quem acredita no seu projecto.

2 de maio de 2009

Desculpas e lamentos!


Que justificação pode ter o ataque a Vital Moreira? Desaprovação do governo? Desacordo nas ideias? Contas antigas? Seja qual for a resposta o serviço prestado por alguns participantes na comemoração do 1º de Maio, organizadas pela CGTP, é um mau préstimo à democracia e ao país que dizem pretender defender com lutas e ideias alternativas àquelas que têm sido sufragadas pelos portugueses nos últimos 35 anos.

Não é ingénua a reacção dos combativos sindicalistas que atacaram Vital Moreira. Nos últimos meses quer a CGTP quer o PCP têm acicatado os ânimos negativos contra o governo e contra o PS. E esta atitude, pródiga no mais miserável sentido, veio apenas confirmar o “enchimento do balão” que estrategicamente tem vindo a ser feito à porta de fábricas, de escolas, de cimeiras, etc.

O ataque à integridade física e à liberdade de um candidato democrata não tem justificação. Nem perdão. Ou tão pouco se esbate nas desculpas e nos lamentos. O que se passou ontem em Lisboa é apenas uma repetição de outros acontecimentos do género ao longo da nossa democracia. O que ontem ocorreu é também um sinal da fraqueza daqueles que não se convencem que as suas ideias não imperam neste país por vontade do povo português.

As agressões a Vital Moreira tornaram-se no caso de uma campanha frágil de ideias sobre a Europa e o papel de Portugal no contexto europeu e internacional. Porque, é importante dize-lo, os restantes candidatos e partidos fazem destas eleições um combate cerrado ao governo português, contra a necessidade de validar ideias e alternativas no plano europeu. O serviço que os restantes candidatos prestam aos portugueses, cépticos e descrentes destas eleições, é o da inexistência de importância e de secundarismo nas prioridades que deveriam servir os cidadãos. Aquilo em que se está a tornar esta campanha não é muito diferente das agressões ao candidato socialista. Sem desculpas e lamentações!