1 de fevereiro de 2009

Divorciado da realidade

Foto: www.rtp.pt


Já aqui elogiei Cavaco Silva no 3º aniversário da sua eleição. Resumindo enalteci a sua figura de equilíbrios e de referência. E o PR é uma pessoa a quem reconheço virtudes e não o escondo pelas diferenças ideológicas. Não seria justo. E da mesma forma já referi algumas situações em que não esteve bem e confundiu as coisas.

Recentemente o PR relacionou o agravamento das condições socio-económicas dos portugueses com a nova lei do divórcio. Trata-se de uma falácia. Uma coisa não tem a ver com outra. E nem poderia ter, porque a lei de que Cavaco fala entrou em vigor a 1 de Dezembro de 2008 – há dois meses, portanto – e desconheço que os divórcios entretanto formalizados tenham tido influência na conjuntura económico-social que vivemos. Mas cavaco vai mais longe e realça o seu aviso na altura do veto à referida lei. Pois bem, o que o PR está a querer dizer é que o descalabro das nossas condições chegou e ele, qual profeta, nos avisou e foi ignorado. É outra falácia. Com este discurso Cavaco Silva está a fomentar a desconfiança e a criar um outro elemento de preocupação nas pessoas relativamente ao governo. E isso não só é injusto como põe em causa a sua figura de equilíbrios e de referência.

Mas por detrás desta intervenção – e agora percebo que outras se lhe seguirão – está uma vontade de vingar o processo legislativo do Estatuto do Açores. E se assim é então Cavaco perde o equilíbrio. A sua função não é vingar. Nem ganhar ou perder. O cargo que exerce está definido e merece ser protegido, mas não à custa de desforras. Não tem esse direito, nem tão pouco lhe fica bem agudizar os problemas sérios que o governo tem por resolver com alarmes falaciosos. Começa mal o quarto ano de mandato de cavaco Silva.

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